domingo, 12 de julho de 2009

Colírio de amor fático

Pálpebras latejantes
Emoções em instantes
Pupilas dilatam
Corações arrebatam

Paixões fascinantes
Razões vacilantes

Logo um cisco invade a conjuntiva

Sanidade reaviva
Clareia-se a retina
Efemeridade ruína
Cura-se a miopia mágica
Com colírio de amor fático

Pálpebras e pupilas perenes
Emoções permanentes
Restam nos corações
Plenitude e mansidão

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Olhar furtivo

Chuvas não precipitam
No deserto desse seu olhar furtivo
Eu me precipito
E me empenho em fixar
A atenção do seu olhar
Já estou ficando curtido
Não faz mais sentido
Tentativas vãs de interromper essa erosão
Que formou sua simples dispersão
Sua tênue distração
Seus medos em ocultação
De que adianta minha persuasão
Se suas ideias sempre se espalharão

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Vai-e-vem

Vela que parecia inefável
Veio num voo rasante
Volúpia tamanha
Vacilante fiquei
Vafra tu foste
Volátil, volúvel
Vício em que me apeguei
Vácuo em que mergulhei

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Em órbita

Você disse que gosta de alguém que mora bem longe
Por que pensei que fosse eu?
Será nossa distância suficiente para você gostar?
Meu amor pode fazer encurtar
Dizem que sou bom comunicador
Mas me meto em conflitos dialógicos
Interpretações conflitantes, viajantes
Seria eu prolixo?
Por que só ouço o que espero?
Cada um no seu nicho
Ainda que isso lhe afaste
Preciso fazer mais alarde
Ser claro e mostrar que quando você parte
Bagunça faz na nossa constelação
Você em Vênus, eu em Marte
Ficamos em contrária rotação
Ih, o cometa que mandei desviou-se para Plutão
Por você, ficou em órbita meu coração

Sinapses

Em meio a esse caos
Quero mais paz
Não estou suportando mais
Estou a um passo de explodir
Se antes, isso tudo não ruir
Vou dar um jeito de escapulir
Outrora tive mais paciência
Mesmo diante da turbulência
Hoje sou um constante ansioso
Acho que me faz mal
Essa tempestade cerebral
São inúmeras as sinapses
Polarizando meu sistema nervoso
Neurônios hiperativos dando achaques
Explodir, eles não podem
Usarei os impulsos para eletrizar a ordem

terça-feira, 24 de março de 2009

Que se f...!

Hoje resolvi não escrever tão estruturado
Como você pensa, idealizado
Estou farto dessa vida metódica
Quero mais momentos módicos
Desejo a liberdade de expressão
Extravaso quando escrevo, seja estruturado ou não
Isso me ajuda a não perder as estribeiras
De qualquer forma, sinto-me menos culpado por fazer besteiras
A preocupação extrema com a interpretação alheia acaba toda
Assim consigo dizer mais fácil QUE SE F...!

quarta-feira, 11 de março de 2009

Insana relação

O que me impele a você?
Atração pelo seu perfil articulado?
Seu jeito determinado?
Acho que é pelo seu pouco caso
E o que lhe impede de mim?
Caminhos contrários?
Fusos horários?
Seu coração repleto de retalhos?
Podíamos costurá-lo juntos
Você se impede
Mas cada vez mais me instiga
Sinto-me fraco nessa briga
Chego a fazer figa
Querendo você de volta
Volta para onde nunca esteve
Queria me impedir de você
O tempo ou uma substituição?
Queria que se impelisse a mim
Meu afastamento ou aproximação?
Só sei que me sinto no ermo
Jamais serei o mesmo
Depois dessa insana relação